quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Sapataria do passado

Naquele sábado de manhã, a luminosidade que atravessava as tramas da cortina me fez lembrar que seria uma boa oportunidade para visitar alguém que fizesse reparos de costuras.. a idéia era costurar um pano escuro por trás da cortina e trazer um pouquinho mais de trevas para nossas manhãs de ócio. Aproveite e levei junto um par de sapatos daqueles que a gente tem dó de mandar embora.
Numa conhecida avenida perto de casa encontrei a "Sapataria e Costura do Futuro". Uau, bem diferente das antigas sapatarias de bairro, cheia de acessórios e mirabolâncias utilíssimas (é o que dizem).
E diz a moça,  Seu sapato nós consertamos, mas não fazemos a limpeza da camurça, para isto temos este produto aqui (que custa R$11,00), Mas vocês não podem aplicar o produto e fazer a limpeza? Poder até podemos... Espera um pouco, podem ou não podem?... Pois é, poder até podemos, mas se não ficar bom aí o senhor não vai gostar do serviço, Ah, então eu compro o produto, faço o serviço sozinho e se eu não gostar bato a cabeça na quina do armário... Exatamente, senhor.
E continuamos, Agora a cortina não dá pra mexer, Mas por quê? é só alinhavar um pano preto aqui atrás, ó, Nós só fazemos aqui o que dá pra fazer na máquina, se tem que por a mão nós não fazemos, Tudo bem... entendi... até logo então.
Continuei pelo bairro com a cortina debaixo do braço em busca de uma "Costureira do Passado"... e encontrei: Deixa comigo que eu faço isso, disse a simpática velhinha rodeada de panos e linhas.
Moral da história: Quando chegar esse tal de futuro, jogaremos tudo no lixo e compraremos tudo novo.
Ah!! o futuro já chegou né?

2 comentários:

Milano disse...

KKKKK, é isso mesmo Sirvukas...hoje, meu carro quebrou e eu fui embora dentro da caminhão do guincho conversando com o motorista. Vi um GPS dentro do caminhão e perguntei se era pra ele se localizar. O motorista respondeu: "eu me localizar e eles me localizarem, não dá nem pra fazer um xixi sossegado, ou tomar um café...acho que eu sou mais um escravo do que funcionário". A tecnologia ajuda, mas muitas vezes atrapalha, faz perder os sabores da vida e os valores do ser humano. É isso aí Sirvukas, adorei a sua crônica, show de bola, você sempre vê a vida por ângulos preciosos. Grande abraço meu velho amigo, Alfredão.

Milano disse...

KKKKKK é isso mesmo Sirvukas, o ser humano está cada vez mais "evoluindo" tecnologicamente e regredindo espiritualmente. Valores se perdem em meio a tantos interesses financeiros. Temos que produzir, produzir e produzir para suportar o consumo de tanta tecnologia, inclusive desta que estamos nos utilizando de. Que bom ter pessoas como você neste mundão sem porteira. Um dia veremos, ou não, a reversão de valores dos seres humanos. Quem sabe?!? Parabéns pela crônica, show, assim como você meu velhinho amigo. Você sempre vê o mundo por ângulos sensíveis, continue assimmmmmmm. Grande abraço, Alfredão.

Arrogância do bem também faz mal

Ao longo de minha vida como não-analista, relacionei-me com um infindável número de pessoas. Uma importante parte desse número foi feita pri...