sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Santa Evita - Sim, existe vida após a morte

Terminei de ler o romance de Tomas Eloy Martines com essa impressão, já que a narrativa que envolve o nomadismo do cadáver da maior lider espiritual que a Argentina já teve, Eva Perón é simplesmente impressionante. Apesar da Argentina ser um pais fronteiriço com nossas terras, sabemos pouco sobre o que ocorre ou ocorreu com os hermanos.

Adoro esse tipo de narrativa que recria uma realidade baseada em fatos reais e o livro de Tomas Eloy Martines não fica atrás. Num clima de suspense e humor negro, ele nos surpreende com revelações quase impossíveis de acreditar sobre a tudo o que envolveu a morte de uma mulher que simplesmente se tornou grande demais para caber dentro de seu caixão.

Evita foi embalsamada, foram feitas mais três cópias do cadáver e tudo isso rodou o mundo, na mão de muita gente que simplesmente se fascinava por Ela e principalmente por o que Ela significava. Não sou crítico de livros, apenas adoro ler e o lugar desse não é na estante, é em suas mãos.

Julie e Julia, uma delícia

Ah, Joãozinho.... você não sabia que tenho assistido um montão de filmes da 33ª Mostra Internacional de Cinema que está rolando aqui na No-Smokinglândia?
A receita é usar o Google Agenda para organizar os horários dos filmes, comprar ingressos antecipadamente no ingresso.com.br e chegar no mínimo meia hora antes na fila para garantir lugares aceitáveis para ver na tela grande, maravilhas como a Meryl Streep em uma deliciosa perfomance onde ela é uma dona de casa que, sem ter muito o que fazer, decide fazer um curso de culinária que termina se transformando num livro.

A história é real, Julia Child existiu, assim como a outra protagonista Julie Powels (Amy Adams), a blogueira que decide em tempos atuais, fazer as 525 receitas do famoso livro de Julia em um ano e registrar tudo em um blog. As duas nunca se conhecem, são histórias paralelas em tempos distintos, mas há um delicioso sincronismo entre elas.

Meryl está maravilhosa como sempre, me dá até vontade de entrar para algum fã-clube dela ou então comprar o livro de receitas e fazer ao menos uma das 525 (era isso?).
Vai entrar em cartaz no circuito logo logo, não deixe de assistir mamãe!!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Onda (Die Welle)


Quando o professor Reiner invoca o 3º Reich como um exemplo para sua aula de autocracia; na verdade o exemplo fora dado por um aluno, imediatamente a classe rechaça a ideia alegando que isso são águas passadas. Uma das alunas diz que há uma "responsabilidade histórica" na Alemanha, piadas surgem e Hitler parece tão distante quanto uma viagem no tempo.

O que vem em seguida é uma incrível proposta didática. Sem prévio aviso, o professor cria uma simulação de modelo autocrático na sala de aula, elaborando junto com os alunos, uma espécie de sociedade que os próprios batizam de "Die Welle" (A Onda). Realmente, vivenciar aquilo que se quer ensinar é uma forma extremamente eficiente do ponto de vista didático. A coisa tem tudo para funcionar, o professor é o modelo ideal de ditador eufemístico, já que a classe o venera; ele usa camisetas do "The Clash", tem um estilo todo despojado, especialmente se comparado aos sizudos colegas, não há como não se "apaixonar" pelo professor Reiner, que na simulação da autocracia, agora tem de ser chamado "Herr Wender".

É assustadoramente simples como um regime autocrático, vestido com seus símbolos, gestos, site, adesivos, uniformes, padrões enfim, pode envolver uma multidão. Rapidamente a turma embarca nessa "Onda" que é vista singelamente como um agregador da comunidade. Aqueles alunos mais fragilizados pela aborrescência rapidamente se tornam fieis seguidores em especial. A escolar lista de características do regime, ditada pelos alunos no início da aula, termina invariavelmente se tornando prática comum nos dias que seguem a experiência e sem que os alunos se deem conta, passam a integrar seu dia a dia de maneira cada vez mais assustadora.

É aí que o problema começa: "A Onda" começa a tomar uma dimensão maior que o esperado e começa a ficar complicado controlar os fatos. É aqui que paro meu texto, pois você tem de ver o filme e não quero estragar a história, depois que você assistir a gente conversa sobre o final que é surpreendente. O filme é baseado em fatos reais.

Só quero completar dizendo que o filme é tão envolvente que eu tinha um compromisso que me esqueci completamente e precisei de alguns minutos após os créditos finais para voltar de verdade para a Mooca, São Paulo, SP, Brasil, 22 de outubro de 2009.

domingo, 18 de outubro de 2009

Não precisa ter medo, eu estou aqui.

Minha mãe me mandou esse post lindo sobre minha sobrinha Fernanda:


Crianças dizem cada uma que merecem nota. Eu estava sentada na cozinha, e a minha netinha de três anos, estava na mesma cozinha, quando de repente escutamos um barulho forte no outro aposento. Então de brincadeira eu fiz uma cara de assustada, ai  ela olhou para mim e correu na minha direção e atirou-se no meu colo, colocou os bracinhos em volta do meu pescoço e disse baixinho no meu ouvido: "NÃO PRECISA TER MEDO EU ESTOU AQUI COM VOCE". E assim ficou um tempinho me apertando fortemente, Depois se afastou um pouco e disse: "VEJA É DIA E ESTÁ TUDO CLARO NÃO PRECISA TER MEDO". 
Eu fiquei em estado de graça de Deus na sua infinita bondade haver me mandado esse serzinho de apenas 3 anos, que me ama incondicionalmente e ainda me proteje. 
Deus a abençoe por ela ser quem é. 

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Alice Candeias Ambrosini

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Beldades na oficina - Opala

Ups, esse post está aqui, ó.

Mais balões

Balões dão o que falar, lembro da música "Superfantástico, o balão mágico.."; lembro do filme "A volta ao mundo em 80 dias" - Oscar de melhor filme de 1957 -, com aquela trilha eternamente gratificante, lembro também do incrível dirigível do filme "A ilha no topo do mundo", que fui assistir no finado cine Astor - cuja sessentista rampa hoje dá acesso à entrada da livraria Cultura no conjunto nacional.
Depois veio o padre dos balões que se afogou no atlântico após lamentável erro de interpretação climática, depois veio UP, Altas Aventuras, o espetacular filme da Pixar que ainda está em cartaz e você que é bobo não viu ainda.
Mas um ano antes de "A volta ao mundo..." ganhar seus cinco Oscar, em 1956 o Festival de Cannes premiava "Le ballon rouge", este espetacular pequeno filme - 25minutos - veja só que pérola.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

O garoto no convés - John Boyne


Terminei de ler o novo livro de John Boyne, autor de sete outros romances, e dentre eles, "O menino do pijama listrado", que deu origem ao delicioso filme de 2008.

O livro foi um grato presente de minha mãe pelo meu aniversário e não poderia ter sido melhor. Trata da incrível aventura de John Jacob Turnstyle que embarcou no navio da marinha inglesa Bounty em 1754 (acho que foi isso) para participar de uma aventura espetacular ao redor do mundo.

O navio, que estava sob o comando do capitão Willian Bligh (de verdade), sofreu um dos mais famosos motins da história.

O livro é uma saga, uma mega aventura que transformada em filme, quem sabe um dia, dará o que falar. Turnstyle, apelidado de Tutu pela tripulação, é um rapaz de 14 anos que troca a prisão por roubo de um relógio, por um trabalho que ele nem imagina qual seria até estar efetivamente dentro do navio: Ajudante do Capitão para uma viagem de Londres até o Taiti ida e volta.


Não dá para parar de ler antes do final da última página. Um livro deliciosamente escrito, que prende a atenção do início ao fim. Confesso que fiquei meio desconfiado quando vi que a capa seguia o mesmo padrão de listras do livro anterior que fez tanto sucesso... logo imaginei "Ah, uma forma de garantir as vendas...".. bem, não é necessário, John Boyne nos brinda com uma história eletrizante do início ao fim. É um livro de quase 500 páginas que nem por um instante perde sua força inicial.

Leia! E se não leu o livro anterior, leia também, e se não viu o filme, veja também! Ok, vou quebrar seu galho... aqui estão as legendas.

Empreendedorismo também se aprende - O segredo de Luisa


Sim, não há dúvida de quem tem talento inato, sofre menos e tem mais facilidade em lidar com os desafios da vida, porém isso não quer dizer que na vida só haja espaço para os grandes talentos, basta olhar para aquele país lá no centro-oeste brasileiro, idealizado por Juscelino Kubistchek para vermos que mesmo o mais crasso e grosseiro dos mortais consegue ganhar dinheiro, mesmo que seja as custas de nós, trouxas.

As vezes escuto de pessoas que decidiram "vender tudo para abrir seu negócio próprio" e acabaram se dando muito mal. Bem, minha sugestão não é a solução de todos os males, mas sem dúvida é um livro bem interessante que vem acrescentar muitas informações úteis àquelas pessoas que estão tentando ingressar no mundo do negócio próprio.

"O segredo de Luisa" é contado numa interessante história sobre uma dentista que decide abrir uma fábrica de goiabada, o livro percorre os fundamentos do planejamento e da realização de uma empresa e ainda viaja deliciosamente pela vida pessoal da protagonista e de todos os problemas que ela enfrenta durante a aventura de sua vida. Pode ser complementado pelo importante software MakeMoney, esse uma ferramenta essencial para o planejamento financeiro empresarial, não importa o tamanho.

Não esqueça meus 3%!

sábado, 10 de outubro de 2009

Inglorious Basterds - Tarantino Antropófago


Tarantino faz valer o manifesto antropofágico de Oswald de Andrade em seu "Bastardos Inglórios". Desde a trilha que usa temas de filmes antigos como o western "Alamo", passando por "Pour Elise" de Beethoven até a incrível semelhança do tenente Aldo Reine incorporado por Brad Pit comm Marlon Brando em "O poderoso chefão", passando pela cartaz muito parecido com o de "Nascido para matar" de Kubrick.

Também é inegável a semelhança da afetação de "Tio Adolf" (como Aldo chama a Adolf Hitler), que nos remete diretamente a Charlie Chapplin em "O grande ditador".

Claro, os mais atentos que eu, irão encontrar mais um sem-número de lugares comuns entre o mundo do cinema e a nova obra do mestre e isso não tem nada de errado não, muito pelo contrário, na minha humilde opinião, o mundo da arte é um constante reaproveitamento, uma infinita releitura de tudo de bom que alguém idealizou um dia, não é assim que vivemos nosso dia a dia?

Tarantino arrasa mais uma vez em um filme divertidíssimo e nos mostra que no cinema há espaço para recriarmos a realidade da forma que gostaríamos que ela tivesse realmente sido. Veja o trailer do filme e vá correndo assistir e é claro, no Kinoplex 6 com seu incrível somTHX do Lucas Arts.




Ah, e falando em Tarantino, outro vídeo imperdível é a discussão "filosófica" entre Selton Melo e Seu Jorge, "Tarantino's Mind".

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Uma semana voando de parapente no sertão da Bahia

Quando uma tremenda virose me fez arrumar as malas e voltar correndo pra casa antecipadamente em 1999 logo após de fazer um voo recorde de 166km no sertão do Ceará, não imaginei que só voltaria para a caatinga após dez anos.

Eu estava seco pra voltar a voar sobre a "terra de Marlboro", como se diz quando você vai sobrevoar lugares onde não vive ninguém ou quase ninguém e comecei a esboçar uma viagem pra Quixadá no Ceará quando meu amigo Arthur me comentou que outros amigos, o Mexicano e o Ailton estavam organizando uma trip para Santa Teresinha na Bahia.
Eu já voei lá, foi em 1998, numa excursão organizada pelo Chico Santos, chamada "Jibóia só para Cobras" porque a decolagem era da serra da Jiboia que nem se escreve mais com acento... Agora a decolagem é da rampa do Boqueirão, bem melhor e de mais fácil acesso.

Adorei a ideia, comprei a passagem e fiquei esperando o dia 2 de outubro chegar. Quando fiquei sabendo que seríamos um grupo de 13 pilotos, confesso que fiquei assustado, talvez seja trauma da equipe "Salto Alto" quando participei do mundial de 99 na Áustria, quando o stress foi maior que as alegrias, mas como já estava tudo pronto lá fui eu.

E foi ótimo! O grupo foi nota DEZ! Uma turma unida, simpática, todos bons pilotos, enfim.. só alegrias. Deixa ver se eu lembro os nomes todos...

Mexicano, Bauru, Sandro, Top, Rafa, Tuzim, Gian, Amilcar, Vovó, Palmito, Sivuca, Baldok e Juninho.
Ficamos hospedados na pousada do top-casal Claudinha e Serjão. A Claudinha é piloto de parapente também e é quem quebrou o recorde mundial de voo duplo junto com André Fleury, a menina está até no Guinness! O Serjão é nosso super resgate, responsável por varar o sertão com sua Toyota, disposto a ir buscar o piloto maluco onde quer que ele pouse. Claro que é preciso um pouco de bom senso, não é mesmo? De preferência pousar em um lugar acessível e na rota combinada.

Bem para quem não é voador, aqui vão algumas informações interessantes. Estamos falando de voo de parapente, que é esse da foto (é só clicar pra ver grandão). O brinquedo é uma modalidade de voo livre, lembra da asa delta? pois é... o parapente é um parente. O Joãozinho senta naquela cadeirinha e ao sabor das ascendentes térmicas, tenta conduzir sua aeronave o mais longe que for possível. Como você vê, não há motor, tudo vai na base da habilidade técnica, capacidade de compreensão, interpretação e decisão sobre o que fazer e como. As térmicas são massas de ar que se deslocam para cima; quando um parapente passa por uma delas, pode subir junto se ele for habilidoso o suficiente.
No sertão, as térmicas são mais fortes, os ventos também e o que tem lá embaixo não é exatamente grama fofa... basicamente você está sobrevoando a caatinga nordestina, ou seja, praticamente um deserto de espinhos, calangos e um calorão de rachar coco. Como as condições de voo são muito mais fortes que aquelas que encontramos aqui pertinho de Sampa, então as possibilidade de voos mais longos são muito maiores e é exatamente atrás disso que nós pilotos estamos.

O que eu sei é que apesar de a princípio parecer uma apavorante roubada, sobrevoar essa terra dá um tesão do cacete nem sei explicar porquê. Talvez uma mistura entre a possibilidade de quebra de recordes com o fato de se colocar a prova numa situação tão singular, longe do conforto e da segurança de um shopping, por exemplo, nos proporcione um recado para lembrarmos que a vida é uma coisa que pode ser um saco ou uma experiência extremamente excitante, é só uma questão de escolha.


Na foto ao lado dá para ter uma ideia de como é a vida dentro da "cabine de comando" do piloto de parapente. 100% de contato com o ar, literalmente pendurado a milhares de metros de altura sobre uma puta terra de ninguém que assusta até carcará.

No meu colo vocês estão vendo um cockpit com os instrumentos de voo, são eles o GPS, a minha inseparável bússola (embora no ano em que estamos já tem gente que tira sarro dizendo que ela é arcaica, mas eu gosto muito dela porque a bicha funciona) e logo mais a direita o variômetro que é o brinquedo que diz qual sua altitude, sua taxa de subida ou descida e mais alguns tralalás. Ainda há o rádio para se comunicar com os outros pilotos e o resgate além de espaço para barrinhas de cereal, banana passa, dois litros de água com maltodextrina pra ficar fortão, e mais algumas bugigangas outras para um mínimo de sobrevivência longe da sala de casa.


O voo é altamente gratificante, não há como não ficar babando em paisagens como essa, no momento em que estou cruzando o Rio Paraguaçú, rumo leste a quase dois mil metros acima do chão ou nessa outra sobrevoando as formas da cidadezinha de Itaberaba no sertão Bahiano.
A paz de estar pendurado no céu, totalmente a mercê de você mesmo, onde somente a sua decisão é o que conta para que as coisas aconteçam, é algo indescritível. Imagino que aquelas pessoas que passam o dia recebendo ordens de chefes vão ficar muito felizes ao descobrir que voar de parapente significa não ter chefe.
Esse voo das fotos foi particularmente especial, já que significou a quebra de meu recorde pessoal conquistado a exatos dez anos quando estive no Ceará em 1999. Na época fiz um voo de 166km, dessa vez foram mais de seis horas voando para conseguir realizar a marca de 187km pousando literalmente no sopé da Chapada Diamantina. Baixei o log do GPS nesse arquivo aqui que você pode abrir no Google Earth e ver direitinho como foi o voo, aliás eu recomendo que faça isso para se ter uma ideia da dimensão da experiência.

Mais fotos e mais histórias você pode ver em meu álbum de fotos, é só clicar aqui Não esqueça de fazer comentários, enviar para os amigos, e se você quiser contribuir com fundos, clique aqui.


Arrogância do bem também faz mal

Ao longo de minha vida como não-analista, relacionei-me com um infindável número de pessoas. Uma importante parte desse número foi feita pri...