Prezado Milton
Aproveitando as chuvas da entrada do verão, olhei pela janela de minha casa e meu coração se lembrou de minha namorada.
Sentei-me a frente de uma velha máquina de escrever, herança de meu pai e "dactilographei" algumas palavras de amor endereçando-as a musa de meus sonhos de verão.
Dobrei-a, coloquei em um envelope e mergulhei-o dentro de minha velha mochila de jeans.
Peguei minha bicicleta e pedalei os três quarteirões que nos separam para entregar a carta em mãos.
Toquei a campainha quase ao mesmo tempo em que sacava a missiva de dentro da mochila quando dois homens vestidos com uniformes dos correios aproximaram-se e perguntaram:
"que é isso aí?"
E eu respondi:
"é uma carta para minha namorada, prezados senhores..."
"Não pode! Isso é monopólio dos correios!! TEJE PREZO!!"
Enquanto eu era levado para dentro de um veículo dos correios, olhava em desespero, minha amada com lágrimas nas bochechas avermelhadas, mas no último instante consegui jogar a cartinha pela fresta.. quase dobrando a esquina, o sorriso apareceu em sua face e ainda tive tempo de ver seu lencinho branco e seu sorriso ainda mais branco desaparecerem entre os prédios da cidade...
Esta pequena obra de ficção é fruto da inspiração obtida no programa "mais São Paulo", onde escutei as surpreendentes entrevistas com o pessoal da SABESP e dos Correios, aquela que está sendo processada por eles por "roubo de monopólio".
felicidades
Silvio Ambrosini