quarta-feira, 20 de junho de 2012

Prometheus mas não cumprius

Fui ao cinema cheio de expectativas, afinal a nova obra de Ridley Scott chegou as telas, e ainda em IMAX 3D. Fui um dos primeiros a entrar na sala, sentei na poltrona enquanto lia o final de "A rainha do castelo de ar" do Stieg Larsson e observava as pessoas que iam se instalando em suas poltronas.
Um casal sentou-se exatamente na minha frente e se mostraram desconfortáveis, pois éramos praticamente os únicos no cinema ainda. "Quem reserva os melhores lugares costuma chegar primeiro também...", disse eu e eles sorriram como que autorizados.

Ridley Scott me impressiona pela sua obra máxima "Blade Runner" e também por "Alien", obras primas perenes. O androide de Blade Runner quer a vida eterna, ou ao menos evitar morrer tão cedo. O monstro de Alien quer perpetuar sua espécie. Os astronautas de Prometheus querem a explicação divina, querem as respostas as velhas perguntas "de onde eu vim?, qual meu propósito? quem me criou?". Apesar de estarmos em 2093 e os personagens serem pessoas pretensamente cultas, cientistas afinal... com uma visão científica das coisas, não é mesmo? Apesar disso essas perguntas literalmente torturam e motivam os personagens a seguir em frente. É de se estranhar que um grupo seleto de cientistas esteja nessa situação de busca desesperada pelo sentido da vida e ainda mais, pela vida eterna. É de se estranhar que Ridley Scott faça questão de nos empurrar seu teísmo goela abaixo nos atos de seus personagens, o que aconteceu? Chegou a senilidade? Só jesus salva?

Não gostei do filme, esperava mais de um monumento cinematográfico, senti tédio ao ver gente inteligente alegando que a busca pelas respostas é o sentido de suas vidas, cientistas fanáticos por símbolos religiosos, por mensagens divinas implícitas em desenhos dos homens das cavernas.
Não sei se por ser ateu, esteja eu manifestando fanaticamente meu desapego pelos "mistérios divinos", ou se apenas me desagradou o fanatismo religioso de Ridley Scott escorrer pela tela. Isso sem falar em clichês como o do geólogo que fica histérico no meio da missão e arma um barraco após 15 minutos de tensão no início do filme... o que ele esperava ao viajar até uma galáxia distante em busca de ETs? Dar um abraço no próprio ET Spielberguiano? A "dona" da espaçonave literalmente incinera um dos astronautas que ficou doente e começou a tossir, no máximo ela é chamada de malvada... será que estou ficando chato demais ou o filme é mesmo uma palhaçada?

Claro, a cena da cesariana é simplesmente fantástica, apesar da recém-operada sair correndo pelos corredores nos minutos seguinte, assim como outros gadgets que o pessoal tem a seu dispor. O sacana robô David também está ótimo, alguém disse que ele é parecido com Hal9000 no físico do androide malvado de Blade Runner, mas tudo termina por aí. Tá bom, a fotografia é bacaninha, os subwoffers balançam os brincos das orelhas das mina, o 3D não serve de nada.

Oh, perdoa-me por ser chato, muita gente está elogiando o filme...

domingo, 17 de junho de 2012

Totalmente semi-marceneiro (ou como construir um escorregador infantil))

Após algum tempo sem postar, publico algo que se encaixa no título do blog como... bem, encaixa bem encaixado.


Deve correr sangue de meu avô nas veias, é claro, afinal Francisco Guerreiro Candeias era um artista da madeira. Claro que seu neto não lhe faz jus nem ao rodapé das calças furadas, afinal meu finado avô chegou a ser premiado na primeira Bienal de São Paulo por seus fantásticos entalhes.

Bem, nada de entalhes, estou aprendendo a mexer com madeiras e já me diverti produzindo algumas bobagens como este galinheiro, uma estante para a dispensa, minha bancada de trabalho.. tudo feito com lixo, madeira de obra jogada fora.

Mas o grande desafio estava por vir, claro.. ainda virão outros, mas eu queria porque queria construir um escorregador para minha filha Sol.

Fiz o projeto com o software do Google, o Sketch-up que faz miséria com projeto em 3D.

Cheguei a orçar um desses em algumas empresas.. Ninguém pediu menos de R$2.000,00.

Comprei as madeiras, para o escorregador escolhi o angico que é uma madeira nobre - atenção à direção das fibras, passe a mão para sentir o lado que vai escorregar -, e para a estrutura é caibro comum além do eucalipto bruto tratado para os postes.
Gastei R$500,00 e coloquei mãos a obra:
Estrutura da plataforma

Repare que no detalhe, a junção das peças da plataforma. Descobri que é quase impossível recortar as peças de forma que realmente se encaixem perfeitamente... divertidíssimo.
Estrutura que quase se encaixa, repare nos pedacinhos de madeira para completar os espaços.

Em seguida parti para a construção do escorregador propriamente dito. Duas tábuas juntas com cavilhas e as laterais parafusadas.

O escorregador será a parte que ficará em contato com a bunda dos escorregandos (escorregandos são aquelas pessoas que escorregam no escorregador, para quem não sabe), por isso tem que lixar muito, mas muito mesmo.. e para isso vale a pena comprar um suporte para lixa que custa 30 reais, pois a lixa se desmancha e não tem apoio se fizer direto na mão.

Orçamento subindo...

Encaixe que deverá manter o escorregador preso a plataforma.

Para manter a estabilidade do escorregador, três sarrafos transversais. Repare que deixei  uma pequena folga para encaixar os sarrafos perfeitamente. Olhando de lado, eles ficam invisíveis.


O grande desafio era construir a escada. São nove degraus que deveriam ter exatamente o mesmo tamanho.. alguns precisaram ser trimados. Minha ideia (estúpida) inicial era usar cavilhas, mas em conversa com um marceneiro de verdade, ele condenou totalmente, sugerindo que eu fizesse um rebaixo para que os degraus encaixassem.. fiquei apavorado, passei horas medindo e alinhando até que finalmente criei coragem e mandei braza na serra circular.
Para ganhar estabilidade, coloquei dois prisioneiros embaixo dos degraus. Na verdade só fiz isso na segunda vez, na primeira eu furei acima dos degraus, só percebi mais tarde, cretino...
Detalhe do encaixe dos degraus.
Repare que fiz um escareado para embutir os parafusos dos prisioneiros.
A próxima etapa infernal foi preparar os troncos de sustentação principais para receber o peso da plataforma.

Cada tronco foi escavado transversalmente com vários cortes e profundidade de 4cm. Muita calma nessa hora, os dentes da serra circular já estão sofrendo e alguns já cairam... sabe que uma maldita serra nova custa quase R$100,00? Meu orçamento já subiu mais um pouco.

Depois de feitos os cortes, basta dar umas marteladas e os pedacinhos de madeira se quebram facilmente.






Depois, com o formão você vai cortando os pedacinhos que sobraram até ficar mais ou menos liso.

Muito cuidado com a serra circular, vale a pena usar um óculos de proteção, pois os pedacinhos de madeira voam magneticamente para dentro de seu zóio, sua besta.

O saldo final de escoriações foram um pequeno esfolado na falange, uma queimadura de leve no dedo, dores nas costas que foram corrigidos com banho de imersão, sais caríssimos da L'Occitanne, um comprimido de Lisador, um comprimido de Neosaldina, creme anti-dores para o cotovelo e um leve aditivo nada ilícito, sabe?

Aí está o corte após o trabalho de formão, veja os pedacinhos que bonitinhos.
Agora começam os ensaios estruturais. Fiz os furos  para colocar os prisioneiros que precisam encaixar perfeitamente. Não adianta medir, nunca vai encaixar se você não fizer isto. 
Detalhe da plataforma graciosamente encaixada no tronco estrutural. Claro que tirei a foto do lado mais bonito.
Agora temos de fazer o chão da plataforma. Apesar do martelo na foto, todas as tábuas foram parafusadas.
Foi o cão chupando manga carregar toda a tralha para o local onde o escorregador ficará montado, e ainda tive de carregar tudo sozinho. 

Agora temos um novo cenário, já bem mais definitivo.

Para quem não sabe o que é, estes são os prisioneiros, um parafuso que vende por metro e você corta no tamanho desejado com o arco de serra (use o torno de bancada pra segurar, senão escapa e arranca pedaço do seu dedo, Lula), esmerilha as pontas pra poder botar as porcas e tchanãn.
Não morra de ódio, marque sempre a posição das peças para não misturar.
Não consegui colocar a estrutura de pé sozinho, tive de pedir ajuda pros pedreiros da obra ao lado, mas agora o brinquedo já começa a tomar forma. 

Ainda falta fazer os buracos no chão.

Paguei R$20,00 pro pedreiro fazer os buracos, dá licença que não matei meu pai né? Cavar buraco ia me deixar as mãos cheias de calos e provavelmente eu teria de tomar algo mais forte pra dormir sem dor e sofrimento.









Estrutura já posicionada nos buracos de 30 cm de profundidade.
Buracos fechados, escada posicionada
Brinquedo quase pronto, já com o escorregador e a escada. Repare minha bancadinha móvel, presente de minha santa Mãe.
E é claro, o resultado final compensa qualquer corte, dor nas costas, queimadura, etc.
Ah, sim. As madeiras aparelhadas são Angico enquanto que os postes são eucalipto tratado. Já fiz algumas outras coisas, como prateleiras, e até mesmo a casinha de bonecas, você viu?

domingo, 20 de maio de 2012

Guerra dos Tronos, brincadeira de adultos

Terminei de ler o terceiro livro da saga de George R.R. Martin, foram 1180 páginas que me mantiveram grudado na leitura até o índice.

E mais, li a íntegra em formato digital no meu Tablet Coby Kyros. Quando comprei a versão digital, imaginei que não fosse conseguir, afinal livros são feitos de papel. Engano! A leitura do livro digital é muito mais agradável do que eu imaginava. O livro não pesa, é muito mais fácil mudar páginas, não existem problemas de iluminação, tem busca, marcador de quantas páginas você quiser, enfim... estamos modernos.

Tecnologia a parte, a estória se passa em um reino medieval e imaginário, no equivalente a idade média. Intriga, inveja, violência, sexo, morte, sangue, porra, vômito, e todos os outros fluidos que você imaginar, derramam-se sem timidez nas intensas páginas da obra, isso sem falar na ironia que torna história deliciosamente apimentada. Ah, aproveitando, aí vai uma estorinha que é contada no primeiro livro:
Conta-se que o Aço Valiriano é de um poder de corte inigualável, normalmente utilizado para a confecção de espadas capazes de partir um homem ao meio. Um dia, um homem ganhou uma navalha feita de aço valiriano e na primeira barba, descuidou-se e terminou degolado... sua cabeça rolou pelo chão com olhos arregalados e foi parar ao lado da porta até que sua esposa ao entrar no banheiro deu com a cabeça do marido olhando para ela...

São vários personagens, interligados das mais variadas formas, um vilão torna-se mocinho e o mocinho vira vilão de uma maneira imprevisível, o que torna sua cumplicidade ora com o bem, ora com o mal, um fato inevitável.
O real convive com o fantástico desmistificando-o. Há monstros "Além-da-Muralha" de verdade, os dragões já morreram a milhares de anos, porém três deles acabam de nascer e estão prontos para surpreender a todos. Os Stark de Winterfell possuem Lobos Gigantes e os bichos são absurdamente grandes mesmo.

A inteligência da obra divide cada capítulo dedicado a um personagem específico, desta forma, a trama corre em vários locais e tempos incertos simultaneamente. Personagens pouco expressivos em um livro, tornam-se pessoas interessantíssimas no próximo, num jogo de traição e desespero pela sobrevivência só comparável as obras de maior qualidade que conhecemos.
Nada de ficar com raiva de decisões estúpidas dos personagens, como estamos acostumados a ver acontecer o tempo todo, aqui os caras decidem com sobriedade e sensatez, cada um na sua medida, mas ninguém o faz querendo agradar o público, os personagens estão realmente vivendo a trama em sua totalidade. Adoro o Tyrion Lannister.

A coisa é tão boa que a HBO criou uma série imperdível que precisa também ser acompanhada paralelamente, mas de forma alguma isso deve servir de desculpa para você não ler os livros.

Estou desesperado, o quarto livro só chega em formato digital no segundo semestre, preciso saber o que vai acontecer! Corra, corra!! Compre o primeiro livro e começe a ler imediatamente, é uma ordem!!

quarta-feira, 7 de março de 2012

Finalmente Rosas em um painel de azulejos com moldura

A artista plástica Alice Candeias Ambrosini sempre foi especialista em maravilhosas rosas, herança de seu pai (meu avô), o entalhador premiado na primeira bienal, Francisco Guerreiro Candeias.

Entretanto, com a grande procura de paineis sacros em azulejos, Alice vem se dedicando a este estilo de pintura, deixando suas lindas rosas um pouco de lado.

Não me conformei, encomendei um quadro de rosas, porém ao invés de um óleo sobre tela, pedi um painel de azulejos.

Como minha casa ainda é alugada, seria uma lástima contratar um azulejista para eternizar o painel sobre uma parede, a solução foi fácil: encomendei uma moldura em madeira que tornou o fantástico painel de rosas, totalmente portátil.

Conheça mais trabalhos de Alice visitando e prestigiando seu site em www.alicecandeias.com.br, enquanto isto, acompanhe algumas de minhas favoritas (em óleo):













terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Ventilador ou ventilador?

Conta minha amiga enfermeira que estava as voltas com um paciente em plena parada cardio-respiratória, massagem cardíaca, pulso, pressão, uma correria danada...
Eis que ela grita ao assistente: RÁPIDO! TRAGA O VENTILADOR! 
Ele saiu correndo da sala do PS e partiu desesperadamente escada acima em busca do dito cujo.
E demora que demora até que ele aparece na porta da sala com um ventilador e pergunta:
- Será que esse dá? 
Salvamos o paciente e para depois matar o assistente ou matamos o assistente primeiro?


Arrogância do bem também faz mal

Ao longo de minha vida como não-analista, relacionei-me com um infindável número de pessoas. Uma importante parte desse número foi feita pri...