Sempre curti as tirinhas do Laerte e quando ouvi a notícia de que ele tinha decidido se vestir de mulher, achei que fosse mais uma dessas coisas "modernas"... rápida e bovinamente a gente trata de imaginar um rótulo que encaixe no conteudo; crossdresser? curioso? polêmico? palhaço?
Ontem assisti o documentário protagonizado por ele no Netflix e várias coisas me impressionaram. A confirmação que ele agora é mulher mesmo, no sentido mais humano da palavra é apenas uma informação a mais.
O que mais me chamou a atenção é que o documentário desmistifica e ensina a respeitar algo que nossa cultura nos ensinou a ridicularizar. Laerte, com sua simplicidade, sua doçura, sua inteligência social implícita em um certo desconforto diante da câmera, mostra que ele é tão humano quando eu e você e que uma decisão tomada depois de 60 anos de vida, não deprecia a vida que ele viveu até então, muito pelo contrário, mostra que sempre há tempo para celebrar e viver com muito mais intensidade.
Assista sem medo, aproxime-se desse mundo que ainda é tão complicado quanto assustador para tanta gente. Seu trabalho é um ato de respeito e abertura e principalmente de amor pela vida e por tudo o que ela pode proporcionar, sem censura, sem repressão, sem preconceito. Assim meio sem jeito, ele se revela, se abre, se entrega à opinião que qualquer um quiser dar, sem que qualquer opinião seja necessária, apenas carinho e sem dúvida, respeito e admiração.
Obrigado Laerte, por essa aula de humanidade.
Sivuca
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